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22 de jan. de 2012

A Lua dos Enamorados. A quatro mãos!


Imagem retirada da internet.

Quando visitei o blog dela pela primeira vez, li um  texto muito interessante e engraçado e pensei: Essa é “porreta”; vou segui-la. 
Na ocasião ela falava sobre a classe que comandava e sobre alguns “anjinhos” que como professora cuidava.

Muitas e muitas postagens e comentários depois nos tornamos grandes amigos virtuais. 
Recentemente vi em uma postagem no blog dela, onde convida o visitante  a sugerir temas para que fossem escritos por ela. Pensei: Vou convidá-la para uma parceria, uma “escrivinhação” a quatro mãos! Tinha uma parte do texto abaixo, e sabia que deveria ser terminado por uma alma feminina sensível e coerente.

Relutei no início, pois não sabia qual seria a reação frente a proposta. Apesar de sempre transparecer ser uma pessoa firme, mas meiga, dócil, mas às vezes “brava” tomei coragem e fiz a proposta.  

A primeira parte é minha, a segunda da minha grande amiga Maria Tereza Marçal Cardoso do blog Pimenta e Poesia então, ficou assim:


Tornei-me um homem de meia-idade. Poderia comparar essa afirmação combinando outras palavras que juntas ficariam assim: fiquei meio-velho! Como assim? Meio? Ou é ou não é!

Já vi algumas coisas que denunciam a minha idade, por exemplo: Muppets Show, Bozo, Mara Maravilha, Mariana, a primeira transmissão do SBT, Dancin Day´s, Feijão Maravilha, Jornal nacional com Cid Moreira, O Astro (primeira edição), Sítio do Pica Pau Amarelo, Jô Soares (magro), Bolinha, Jaboran, o Brasil perder a copa de 74, 78, 82. Perdi vários familiares e amigos para a dona morte. 

Hoje em dia dedico meu tempo a minha pequenina (5 anos). O Maior (16 anos) já está encaminhado, cursa o segundo ano de técnico em informática e já estagia em um orgão público federal.

Mas quando vejo a pequena brincar, quando ela resolve falar sobre as suas fantasias e sonhos, quando comenta sobre que letra ou número aprendeu na escola, começo a pensar no passado, no pessoal da escola, na primeira professorinha, nos empregos pelos quais já passei, nas namoradinhas.

Hoje vejo que as incertezas e os medos da infância e da adolescência deram lugar a outros medos. Mas o que isso tem a ver com o título? Não estão diretamente ligados mas  entrelaçam-se quando falamos de expectativas, sonhos e a concretização ou não desses mesmos sonhos.

Da mesma forma como a pequenina imagina que será uma bailarina ou uma designer de moda e se forem aspirações reais, torço para que ela consiga...

Idealizar um relacionamento é antes de mais nada rotulá-lo, colocar em cima dele algumas de nossas aspirações, fantasias e esperanças. É dizer ao outro: Ó tome conta de mim!  Essa pessoa passa a representar um modelo perfeito na nossa concepção, que tornará nossos dias mais leves, mais floridos. Vamos descobrindo um errinho aqui, outro errinho ali, uma primeira briga, uma segunda e ... Quando menos imaginamos, estamos sozinhos, tristes ou pior ainda, vivendo um relacionamento totalmente falido.

O mundo acaba? Não o mundo não acaba, Quando muito sentiremos uma sensação de “fim de chão”, uma depressão que faz com que fiquemos horas ouvindo músicas românticas melosas, olhando fotos e procurando nas frases já escritas um sentido para que o nosso orgulho próprio seja refeito e assim, (dependendo da pessoa), poderemos dizer a nossa lógica: Olha ela (e) me ama sim, vai voltar para mim, tudo dará certo! Ou não! Seguir em frente é necessário.

O amor não é racional os poetas e poetisas que o digam, assim como nós, os “não-poetas”, também não podemos afirmar nossa racionalidade acima de qualquer suspeita. Poetas ou não, somos todos seres amáveis e amantes, de alguma forma, mesmo no mais ressequido dos terrenos, na mais terrível incompetência amorosa.

Ocorre que o amor, sentimento do mundo, antídoto contra a mediocridade tem razões que a própria razão desconhece (quem disse isso, seria Shakespeare?). Mas Freud avisou que o amor é um tipo de supervalorização do ser amado ou seja, se olharmos bem para ele, conhecendo-o a fundo, não seremos mais capazes de amá-lo. Será? Não seria esse o papel da rotina no amor, desconfigurá-lo? Escancarar os piores defeitos um do outro e assim minar  o sentimento na fonte...secando-o, transmutando-o em qualquer outro sentimento, menos amor?

Não há a menor dúvida da importância do pensamento Freudiano, seu legado para a humanidade. A psicanálise cutuca e descortina quase todos os espaços da mente humana que ama, deseja, odeia ou despreza. Ou ignora, desconhece. Gregos e troianos, artistas em todas as manifestações e campos da arte tentaram entender o amor. Mas o amor é um fenômeno, um evento, um acontecimento transgressor, não se deixa entender, não se presta a isso...vai muito além dos códigos de ética, dos ritos de gentileza, dos segredos de alcova. Subverte a ordem, o senso e comporta um vulcão, de codinome “paixão”.
Há tanta teorização sobre o amor, que até cansa...assim como o amor, quando não ou mal correspondido também se cansa e bate em retirada. Vai chorar na cama que é lugar quente, vai baixar noutra freguezia, vai procurar sua turma, sua tribo, modernamente falando.

Amor é bicho egoísta sim, precisa de atenção, exclusividade, foco. Amor displicente é desculpa de gente que não sabe ou não quer amar. E o amor manda o outro se catar e bate a porta e sai, em desalinho. Amor que é amor sangra mesmo, mas não foge dos desafios, por que eles são e serão muitos...não é fácil a vida de quem ama...dá um trabalho danado sentir o coração acelerando querendo saltar do peito, a lágrima chegar atrevida quando o ser amado se comporta como o mais completo imbecil, quando se ouve as tais músicas melosas e o suspiro oxigenado de amor sai sem permissão.....aahhhhhhhhh

Da mesma forma que não existe amor sem sonhos, não há amor sem reciprocidade, sem troca, dar e receber em igual medida e intensidade. Hipocrisia besta (toda hipocrisia é besta...), esse negócio de apregoar que amor, enquanto sentimento entre um homem e uma mulher ou entre iguais, é uma dádiva sublime que é tão lindo...tão extraordinário que basta a si mesmo. Conversa pra boi dormir, vai...pra inglês ver, coisa de gente passiva que não pega o touro pelo chifre. Para amar é preciso ser um bravo, um forte...porque a força do amor mete medo mesmo, amar não é pra qualquer um. Amor com A maiúsculo, não esses amorezinhos de filme da sessão da tarde não...amor da sessão coruja, coisa séria. Mistura de tango argentino com clipe do Aerosmith...”Armagedon”...Idealizado, sonhado sim...solto em si mesmo, preso em si mesmo.

Quem quer levar a vida na flauta não ama, apenas vê a vida passar, o tempo trazer as rugas inevitáveis, a flacidez da pele, as celulites da alma, as estrias que mais parecem os afluentes do rio Amazonas, as bengalas amigas da osteoporose e a impotência masculina ( viagra, o que é isso?). Idade inteira ou meia-idade só se constituem impedimento para o amor se a criatura for mesmo idiota, de pai e mãe. Ai ela merece mesmo ver os filhos crescidos e vivendo suas vidas dando-lhe uma boa e carinhosa banana; conformar-se em ouvir a triste música do tempo em que a juventude era sinônimo de amor, sexo e rock’roll. Sem drogas, gente...(não há droga mais viciante que o amor. Por isso ele é tão perigoso. E tão temido).

Quem não encara a fera do amor fica na janela, vendo a banda passar e a fecha rápido pra não ver o casal de enamorados sob a lua, naquele amasso de entortar portão...fecha até a cortina, toma um pseudo-porre de qualquer coisa e liga a TV e se contenta com a coisa mais excitante que se pode ouvir naquela hora:  o Jô dizendo: “Um beijo do Gordo!”. Enquanto a lua lá fora cora...tímida e cúmplice, assistindo às mãos que passeiam nos corpos dos que não têm, ainda, medo de amar.


Conhecer Paulo Sérgio foi (tem sido) um desses presentes que a blogosfera nos reserva. Ele foi o primeiro comentarista a se interessar de fato pela diversidade dos meus textos no blog: se escrevo sobre as mazelas da educação pública no Brasil ou sobre minhas crises de meia-idade, lá está Paulo,sempre participando, prestando atenção a minha narrativa. Esse é o feedback sonhado por todo blogueiro que se preza, que faz do seu blog uma forma de exposição necessária para a leitura de si mesmo e do mundo. Sou leitora dele também, fielmente.

O interessante é que Paulo nunca economiza em suas análises, nunca comentou por comentar, mas pra acrescentar, enriquecer. Não deu outra: amizade explícita e declarada! E essa amizade resultou na confiança mútua na escrita um do outro, que por sua vez acabou gerando a proposta de uma parceria, que aceitei com entusiasmo e coração aberto. Entrar no texto de alguém não é tarefa fácil...requer muito atrevimento (e ele sabe que sou atrevida e teimosa!).

O convite contempla algo de que me orgulho muito no meu amigo: a generosidade, a ausência de competitividade, tão presente nas relações hoje.
O tema me pegou totalmente “de jeito”: amor, meia-idade, dilemas. Pensei: “Paulo tá de brincadeira comigo...fala sériooooooo!”, afinal, somos muito diferentes um do outro e temos ideias diametralmente opostas sobre algumas questões e essa é uma delas. “Escreva com o coração de Maria Tereza, mas com a cabeça de Paulo”. Brincadeira mesmo....Como fazer isso???

Quebrei a cabeça e segurei o coração, tentei fazer a poesia sossegar...ficar quietinha...e saiu esse texto, escrito a quatro mãos. Espero que vocês gostem e que ele contribua para a reflexão sobre o tema.



8 comentários:

HAMILTON BRITO... disse...

Obrigado por ter passado no meu blog. Meu niver...rapaz, depois de certa idade melhor nem falar em aniversáio. Mas agradeço. Cumprimento-o pela parceria literária com a grande dama da poesia mineira.

Unknown disse...

Quando as mãos são boas, qualquer tema fica perfeito! E é isso aí, amor é qualquer coisa muito humana, menos pregão.

Abraços aos dois!

Cidadão Araçatuba disse...

Grande Zé!
A vida deve ser comemorada por si só, pode acreditar! Obrigado! Realmente a Maria Tereza escreve muito bem.
Abração!

Cidadão Araçatuba disse...

Olá Luisa tudo bem? Obrigado pela visita e pelo comentário.
Abraço!

Yolanda Hollaender disse...

Proposta interessante, amigo Paulo. Diferente de teu costumeiro estilo - conheci o teu lado poético, lindamente alivanhado pela tua competente amiga Maria Tereza.
O amor tem suas fases: quando se é jovem ama-se com paixão, que vai se extinguindo ao longo do tempo para dar lugar ao amor maduro, incondicional e permanente, transformando-se numa amizade serena - o verdadeiro companheirismo. É assim que penso, é assim que sinto...
Parabéns pela iniciativa de escrever poesia a quatro mãos. Ficou bonito!
Meu afetuoso abraço,
Yolanda

Yolanda Hollaender disse...

Proposta interessante, amigo Paulo. Diferente de teu costumeiro estilo - conheci o teu lado poético, lindamente alivanhado pela tua competente amiga Maria Tereza.
O amor tem suas fases: quando se é jovem ama-se com paixão, que vai se extinguindo ao longo do tempo para dar lugar ao amor maduro, incondicional e permanente, transformando-se numa amizade serena - o verdadeiro companheirismo. É assim que penso, é assim que sinto...
Parabéns pela iniciativa de escrever poesia a quatro mãos. Ficou bonito!
Meu afetuoso abraço,
Yolanda

Cidadão Araçatuba disse...

Olá Yolanda que bom vê-la por aqui.
Devo dizer que é realmente um prazer compartilhar da sua amizade na blogosfera.
Pois é, veja só! A Maria Tereza é uma amiga também muito querida, não pensei que poderia escrever com uma poetisa nata e ainda por cima professora de português, rs... Mas consegui. Conhece o pimenta e poesia? Dê uma passadinha lá e conheça a "mineira porreta" que é a Maria Tereza!
Grande Abraço!

Unknown disse...

Meu querido amigo e parceiro literário, obrigada pelas palavras que, vindas de você, realmente têm um grande valor pra mim. Temos muita coisa pra escrever juntos, viu? É uma honra e um prazer pra mim. Abração!

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