Quando
visitei o blog dela pela primeira vez, li um texto muito
interessante e engraçado e pensei: Essa é “porreta”; vou segui-la.
Na ocasião
ela falava sobre a classe que comandava e sobre alguns “anjinhos” que como
professora cuidava.
Muitas e
muitas postagens e comentários depois nos tornamos grandes amigos virtuais.
Recentemente vi em uma postagem no blog dela, onde convida o visitante a
sugerir temas para que fossem escritos por ela. Pensei: Vou convidá-la para uma
parceria, uma “escrivinhação” a quatro mãos! Tinha uma parte do texto abaixo, e
sabia que deveria ser terminado por uma alma feminina sensível e coerente.
Relutei
no início, pois não sabia qual seria a reação frente a proposta. Apesar de
sempre transparecer ser uma pessoa firme, mas meiga, dócil, mas às vezes
“brava” tomei coragem e fiz a proposta.
A
primeira parte é minha, a segunda da minha grande amiga Maria Tereza Marçal
Cardoso do blog Pimenta e Poesia então, ficou assim:
Tornei-me
um homem de meia-idade. Poderia comparar essa afirmação combinando outras
palavras que juntas ficariam assim: fiquei meio-velho! Como assim? Meio? Ou é
ou não é!
Já
vi algumas coisas que denunciam a minha idade, por exemplo: Muppets Show, Bozo,
Mara Maravilha, Mariana, a primeira transmissão do SBT, Dancin Day´s, Feijão
Maravilha, Jornal nacional com Cid Moreira, O Astro (primeira edição), Sítio do
Pica Pau Amarelo, Jô Soares (magro), Bolinha, Jaboran, o Brasil perder a copa
de 74, 78, 82. Perdi vários familiares e amigos para a dona morte.
Hoje
em dia dedico meu tempo a minha pequenina (5 anos). O Maior (16 anos) já está
encaminhado, cursa o segundo ano de técnico em informática e já estagia em um
orgão público federal.
Mas
quando vejo a pequena brincar, quando ela resolve falar sobre as suas fantasias
e sonhos, quando comenta sobre que letra ou número aprendeu na escola, começo a
pensar no passado, no pessoal da escola, na primeira professorinha, nos empregos
pelos quais já passei, nas namoradinhas.
Hoje
vejo que as incertezas e os medos da infância e da adolescência deram lugar a
outros medos. Mas o que isso tem a ver com o título? Não estão diretamente
ligados mas entrelaçam-se quando falamos
de expectativas, sonhos e a concretização ou não desses mesmos sonhos.
Da
mesma forma como a pequenina imagina que será uma bailarina ou uma designer de
moda e se forem aspirações reais, torço para que ela consiga...
Idealizar
um relacionamento é antes de mais nada rotulá-lo, colocar em cima dele algumas
de nossas aspirações, fantasias e esperanças. É dizer ao outro: Ó tome conta de
mim! Essa pessoa passa a representar um
modelo perfeito na nossa concepção, que tornará nossos dias mais leves, mais
floridos. Vamos descobrindo um errinho aqui, outro errinho ali, uma primeira
briga, uma segunda e ... Quando menos imaginamos, estamos sozinhos, tristes ou
pior ainda, vivendo um relacionamento totalmente falido.
O
mundo acaba? Não o mundo não acaba, Quando muito sentiremos uma sensação de
“fim de chão”, uma depressão que faz com que
fiquemos horas ouvindo músicas românticas melosas, olhando fotos e procurando
nas frases já escritas um sentido para que o nosso orgulho próprio seja refeito
e assim, (dependendo da pessoa), poderemos dizer a nossa lógica: Olha
ela (e) me ama sim, vai voltar para mim, tudo dará certo! Ou não! Seguir em
frente é necessário.
O
amor não é racional os poetas e poetisas que o digam, assim como nós, os
“não-poetas”, também não podemos afirmar nossa racionalidade acima de qualquer
suspeita. Poetas ou não, somos todos seres amáveis e amantes, de alguma forma,
mesmo no mais ressequido dos terrenos, na mais terrível incompetência amorosa.
Ocorre
que o amor, sentimento do mundo, antídoto contra a mediocridade tem razões que
a própria razão desconhece (quem disse isso, seria Shakespeare?). Mas Freud
avisou que o amor é um tipo de supervalorização do ser amado ou seja, se
olharmos bem para ele, conhecendo-o a fundo, não seremos mais capazes de
amá-lo. Será? Não seria esse o papel da rotina no amor, desconfigurá-lo? Escancarar
os piores defeitos um do outro e assim minar o sentimento na fonte...secando-o,
transmutando-o em qualquer outro sentimento, menos amor?
Não
há a menor dúvida da importância do pensamento Freudiano, seu legado para a
humanidade. A psicanálise cutuca e descortina quase todos os espaços da mente
humana que ama, deseja, odeia ou despreza. Ou ignora, desconhece. Gregos e
troianos, artistas em todas as manifestações e campos da arte tentaram entender
o amor. Mas o amor é um fenômeno, um evento, um acontecimento transgressor, não
se deixa entender, não se presta a isso...vai muito além dos códigos de ética,
dos ritos de gentileza, dos segredos de alcova. Subverte a ordem, o senso e
comporta um vulcão, de codinome “paixão”.
Há
tanta teorização sobre o amor, que até cansa...assim como o amor, quando não ou
mal correspondido também se cansa e bate em retirada. Vai chorar na cama que é
lugar quente, vai baixar noutra freguezia, vai procurar sua turma, sua tribo,
modernamente falando.
Amor
é bicho egoísta sim, precisa de atenção, exclusividade, foco. Amor displicente
é desculpa de gente que não sabe ou não quer amar. E o amor manda o outro se
catar e bate a porta e sai, em desalinho. Amor que é amor sangra mesmo, mas não
foge dos desafios, por que eles são e serão muitos...não é fácil a vida de quem
ama...dá um trabalho danado sentir o coração acelerando querendo saltar do
peito, a lágrima chegar atrevida quando o ser amado se comporta como o mais
completo imbecil, quando se ouve as tais músicas melosas e o suspiro oxigenado
de amor sai sem permissão.....aahhhhhhhhh
Da
mesma forma que não existe amor sem sonhos, não há amor sem reciprocidade, sem
troca, dar e receber em igual medida e intensidade. Hipocrisia besta (toda
hipocrisia é besta...), esse negócio de apregoar que amor, enquanto sentimento
entre um homem e uma mulher ou entre iguais, é uma dádiva sublime que é tão
lindo...tão extraordinário que basta a si mesmo. Conversa pra boi dormir,
vai...pra inglês ver, coisa de gente passiva que não pega o touro pelo chifre.
Para amar é preciso ser um bravo, um forte...porque a força do amor mete medo
mesmo, amar não é pra qualquer um. Amor com A maiúsculo, não esses amorezinhos
de filme da sessão da tarde não...amor da sessão coruja, coisa séria. Mistura
de tango argentino com clipe do Aerosmith...”Armagedon”...Idealizado, sonhado
sim...solto em si mesmo, preso em si mesmo.
Quem
quer levar a vida na flauta não ama, apenas vê a vida passar, o tempo trazer as
rugas inevitáveis, a flacidez da pele, as celulites da alma, as estrias que
mais parecem os afluentes do rio Amazonas, as bengalas amigas da osteoporose e
a impotência masculina ( viagra, o que é isso?). Idade inteira ou meia-idade só
se constituem impedimento para o amor se a criatura for mesmo idiota, de pai e
mãe. Ai ela merece mesmo ver os filhos crescidos e vivendo suas vidas dando-lhe
uma boa e carinhosa banana; conformar-se em ouvir a triste música do tempo em
que a juventude era sinônimo de amor, sexo e rock’roll. Sem drogas, gente...(não
há droga mais viciante que o amor. Por isso ele é tão perigoso. E tão temido).
Quem
não encara a fera do amor fica na janela, vendo a banda passar e a fecha rápido
pra não ver o casal de enamorados sob a lua, naquele amasso de entortar
portão...fecha até a cortina, toma um pseudo-porre de qualquer coisa e liga a
TV e se contenta com a coisa mais excitante que se pode ouvir naquela hora: o Jô dizendo: “Um beijo do Gordo!”. Enquanto a
lua lá fora cora...tímida e cúmplice, assistindo às mãos que passeiam nos
corpos dos que não têm, ainda, medo de amar.
Conhecer Paulo Sérgio foi (tem sido) um
desses presentes que a blogosfera nos reserva. Ele foi o primeiro comentarista
a se interessar de fato pela diversidade dos meus textos no blog: se escrevo
sobre as mazelas da educação pública no Brasil ou sobre minhas crises de
meia-idade, lá está Paulo,sempre participando, prestando atenção a minha
narrativa. Esse é o feedback sonhado por todo blogueiro que se preza, que faz
do seu blog uma forma de exposição necessária para a leitura de si mesmo e do
mundo. Sou leitora dele também, fielmente.
O interessante é que Paulo nunca economiza em
suas análises, nunca comentou por comentar, mas pra acrescentar, enriquecer.
Não deu outra: amizade explícita e declarada! E essa amizade resultou na
confiança mútua na escrita um do outro, que por sua vez acabou gerando a
proposta de uma parceria, que aceitei com entusiasmo e coração aberto. Entrar no
texto de alguém não é tarefa fácil...requer muito atrevimento (e ele sabe que
sou atrevida e teimosa!).
O convite contempla algo de que me orgulho
muito no meu amigo: a generosidade, a ausência de competitividade, tão presente
nas relações hoje.
O tema me pegou totalmente “de jeito”: amor,
meia-idade, dilemas. Pensei: “Paulo tá de brincadeira comigo...fala
sériooooooo!”, afinal, somos muito diferentes um do outro e temos ideias
diametralmente opostas sobre algumas questões e essa é uma delas. “Escreva com o
coração de Maria Tereza, mas com a cabeça de Paulo”. Brincadeira mesmo....Como
fazer isso???
Quebrei a cabeça e segurei o coração, tentei
fazer a poesia sossegar...ficar quietinha...e saiu esse texto, escrito a quatro mãos. Espero que vocês gostem e que ele contribua para a reflexão sobre o tema.
8 comentários:
Obrigado por ter passado no meu blog. Meu niver...rapaz, depois de certa idade melhor nem falar em aniversáio. Mas agradeço. Cumprimento-o pela parceria literária com a grande dama da poesia mineira.
Quando as mãos são boas, qualquer tema fica perfeito! E é isso aí, amor é qualquer coisa muito humana, menos pregão.
Abraços aos dois!
Grande Zé!
A vida deve ser comemorada por si só, pode acreditar! Obrigado! Realmente a Maria Tereza escreve muito bem.
Abração!
Olá Luisa tudo bem? Obrigado pela visita e pelo comentário.
Abraço!
Proposta interessante, amigo Paulo. Diferente de teu costumeiro estilo - conheci o teu lado poético, lindamente alivanhado pela tua competente amiga Maria Tereza.
O amor tem suas fases: quando se é jovem ama-se com paixão, que vai se extinguindo ao longo do tempo para dar lugar ao amor maduro, incondicional e permanente, transformando-se numa amizade serena - o verdadeiro companheirismo. É assim que penso, é assim que sinto...
Parabéns pela iniciativa de escrever poesia a quatro mãos. Ficou bonito!
Meu afetuoso abraço,
Yolanda
Proposta interessante, amigo Paulo. Diferente de teu costumeiro estilo - conheci o teu lado poético, lindamente alivanhado pela tua competente amiga Maria Tereza.
O amor tem suas fases: quando se é jovem ama-se com paixão, que vai se extinguindo ao longo do tempo para dar lugar ao amor maduro, incondicional e permanente, transformando-se numa amizade serena - o verdadeiro companheirismo. É assim que penso, é assim que sinto...
Parabéns pela iniciativa de escrever poesia a quatro mãos. Ficou bonito!
Meu afetuoso abraço,
Yolanda
Olá Yolanda que bom vê-la por aqui.
Devo dizer que é realmente um prazer compartilhar da sua amizade na blogosfera.
Pois é, veja só! A Maria Tereza é uma amiga também muito querida, não pensei que poderia escrever com uma poetisa nata e ainda por cima professora de português, rs... Mas consegui. Conhece o pimenta e poesia? Dê uma passadinha lá e conheça a "mineira porreta" que é a Maria Tereza!
Grande Abraço!
Meu querido amigo e parceiro literário, obrigada pelas palavras que, vindas de você, realmente têm um grande valor pra mim. Temos muita coisa pra escrever juntos, viu? É uma honra e um prazer pra mim. Abração!
Postar um comentário
Comente, discuta, reflita, sua opinião é muito importante!.