Quando falamos em serviço
público, vem na mente mau atendimento, descaso, indiferença, falta de
comprometimento. Não levamos em conta o fator humano, generalizamos, pois
achamos que TODO funcionário público (de qualquer esfera) segue os moldes da
administração pública.
Bem entendido que não trato aqui
da administração como “cabeça do negócio”, da gerência melhor dizendo, mas sim
da relação entidade pública com o cidadão comum.
Tenho sempre um “causo” para
contar. Não sei se eles me perseguem, ou sou por demais sortudo, pois via de
regra ele viram postagens.
Terça feira levei um parente ao
pronto socorro local. Estava cheio de gente,
afinal, tratava-se do pronto socorro central, muitas pessoas da cidade
preferem dirigir-se até lá atrás de um atendimento melhor, com mais recursos.
Para mim, como visitante, o ambiente
hospitalar não é nada agradável, já o paciente imagino que tenha outra perspectiva.
É criança que chora, é facada,
marmanjo que chega “quebrado”, ou “travado” e por aí vai...
Esse tem um aspecto melhor, foi recentemente
reformado, equipado com TV, ventiladores, tem até uma pequena revistaria. Na
minha longa espera, pois o paciente tem problemas cardíacos e nesses casos o
atendimento é sempre mais demorado, uma funcionária das várias que observei na
correria comum ao ambiente, chamou a minha atenção.
Ela estava ao lado de outra, mal humorada, de cara fechada, e de pouquíssimas
palavras.
Ela aparentava ter uns 35 ou 38
anos, nissei, sorridente atendia a todos com um receptivo “boa noite! Pois não!
Em que posso ajudá-lo!”
Dá para imaginar um funcionário
público num pronto socorro entulhado de gente perguntando: “Em que posso
ajudá-lo?”
Fiquei discretamente observando-a
por longos minutos, até que tomei coragem e dirigi-me ao balcão de atendimento
e começei a conversar com ela:
- Olá
tudo bem?
-Tudo e o
senhor?
-Vou bem
também! Estava te observando!
-Quem eu?
Porque? Ela Sorriu!
-Você é
recém contratada não é?
-Ela riu
e afirmou positivamente que sim, há exatos 3 meses.
-Mas,
porque o senhor está me perguntando isso?
-Só pela
forma como você atende às pessoas.
-Ah o
senhor sabe né... As pessoas já vem doentes, com dores... não podemos ignorar
isso, devemos atendê-las bem, para que
não se sintam pior e além do mais EU as atendo como gostaria de ser atendida!
-Você está correta! Disse-lhe. Mas ainda assim
poderia agir diferente, eu com certeza não a notaria, mas já o paciente que
passar pelo seu atendimento com certeza lembrará de você. Bom Trabalho!
- Obrigado!
Tenha uma boa noite senhor!
Terminei aí o breve diálogo, pois
percebi que poderia estar atrapalhando o seu trabalho.
Voltei para onde estava, e fiquei
pensando: Não são todos que pensam assim como aquela jovem senhora, e também
não saberia dizer se a conduta dela mudará daqui há alguns anos quando estiver
finalmente efetivada (pois está no estágio probatório), mas que bom seria se em
todos os lugares que fossemos atendidos as pessoas se dispuséssem apenas a
fazer aquilo para o qual são pagas.
Atender bem, com solicitude e
principalmente com interesse pelo problema do outro. Não falo de nada
sentimentalóide não, nada disso! Interesse, vontade em ajudar e principalmente a boa e velha educação.
Quanto já sofri com esses
burocratas revoltados que escondem-se atrás do seu cargo e infestam as nossas
inúmeras repartições públicas só para conseguir um mísero carimbo, um visto.
Quantos “bom dia” e “boa tarde” sem resposta...
Não pensem que sou muito delicado
ou sentimental não, muito pelo contrário, mas respeito sempre tive de sobra. Aliás
respeito é o mínimo que a gente espera de quem está do outro lado do balcão.
Alguns desses burocratas protegem-se atrás repugnante cartaz que infesta as
repartições públicas:
Art. 331 desacatar funcionário público...
Quem fez a diferença naquela
noite? A funcionária? Ou o sistema?
Talvez quem sabe uma nova geração
de profissionais realmente gabaritados e preparados estejam surgindo e integrando
o quadro do funcionalismo e trazendo consigo e para dentro das instituições
esse preparo. Quem sabe ainda, num futuro próximo tudo isso seja comum e não tenhamos mais tempo
para observar quem atende bem ou mal. Quem sabe...
7 comentários:
Gentileza, cordialidade e "visibilidade" como capacidade de olhar e ver o outro faltam em todas as instituições públicas e privadas, na rua, na escola, em todos os lugares. Isso só mudará a partir do momento em que o homem passar a ver o outro como um semelhante. Bela reflexão, como sempre!
Desde que o mundo é mundo sistemas perfeitos convivem com pessoas imperfeitas e vice-versa e assim será ad aeternum.Belo tewxto
Você está correta Maria Tereza. No funcionalismo as pessoas tem que ter consciência disso, principalmente se levarem em consideração que cadas cidadão que a procura é um patrão em potencial. Antes disso porém, levar em consideração que tratam com pessoas e essas merecem todo o respeito e carinho.
Abração!
Grande Zé! Obrigado pela presença e pelo comentário. Abração!
Amigo Paulo, interessante a inversão de valores... Hoje, nos surpreendemos com o bom atendimento de um funcionário público - que deveria ser modelo, pois passam por rigorosos exames de seleção e prestam serviço à população que é, de fato, a fonte pagadora de seus salários. E, do jeito que alguns profissionais da áea pública reagem, muitas vezes parece que estão prestando um grande favor ao cidadão brasileiro.
Certa vez, minha filha passou mal e precisou do pronto-atendimento municipal - fiquei incomodada com o volume de voz dos enfermeiros e atendentes, como se o lugar fosse um verdadeiro mercado de peixe.
Por outro lado, o atendimento no INSS tem melhorado bastante e vejo, de bom grado, os segurados serem muito bem atendidos pelos funcionários. No entanto, alguns médicos... Arre! Bom, quem sabe seja tema de uma próxima postagem sua!
Meu forte abraço,
Yolanda
Para você ver amiga Yolanda!
A presteza educação e cordialidade assombra! rs... Mas acredito que muitos estão migrando da iniciativa provada para a pública e quem sabe essa diferença entre ambas nao seja a tônica da pública. Afinal esse status quo tem que melhorar!
Abração!
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