Mais um sete de setembro.

Será que foi assim?

A imprensa local noticiou que no dia 07/09 haveria em Araçatuba, uma Caminhada Cívica em comemoração ao dia da independência, que também se denominaria “Caminhada da Paz”.  

Nem sei há quantos anos não participo de nada assim, afinal vejo as datas cívicas rapidamente transformarem-se em palanque eleitoral, mas ainda assim, esse ano resolvi aderir e ver no que dava, quem sabe esse ano fosse diferente.

Acordei no feriadão mais cedo do que o normal, e junto com a minha “magrela”, inseparável companhia nos feriados e finais de semana, fui pedalando até a praça João Pessoa, para acompanhar as festividades, arrependendo-me pelo caminho, por ter esquecido minha máquina fotográfica, mas tudo bem!

A Praça João Pessoa, foi revitalizada em 2.000, quando ficou conhecida também como praça dos 500 anos, em virtude é claro, da comemoração pelos 500 anos do “nosso descobrimento”.
 A restauração foi muito bem feita, fruto de uma parceria entre a iniciativa privada, e o poder público, que juntos deixaram-na muito agradável e bonita. 

Desde então, ela vem sendo mantida assim, ponto para as partes que resolveram criar através de uma parceria, um ambiente agradável para visitação de todos nós munícipes.

Cheguei às 7:30hs no local, já haviam muitos populares, e é claro, alguns políticos, que naturalmente atraem a imprensa local. 


Ao meu lado, uma jornalista com seu caderninho, que anotava tudo freneticamente, e ainda orientava o fotógrafo que estava no palco existente na praça. Provavelmente queria ver registrado os melhores ângulos das autoridades presentes e dos participantes em geral.

Das secretarias municipais anunciadas como participantes do evento, a de Educação era a mais preparada e numerosa.

Todos vestidos com camisetas brancas onde se lia na frente paz (tema da caminhada) e  atrás educação, enchiam o espaço destinado ao público. Fiquei em dúvida sobre o sentido da palavra educação escrita nas camisetas, acredito que referia-se mais a secretaria do que ao sentido universal da palavra, quem sabe?

O mestre de cerimônia animadíssimo, “vestido” com seu imponente e radiante óculos escuros,cumprimentou-nos, e deu o início a festa, de “prima” chamou o Sr. prefeito, o Sr. Comandante do CPI/10 (Comando de Policiamento do Interior) e o Sr. Secretário de Segurança do município para hastearem respectivamente a bandeira do Brasil, do estado de São Paulo e da Cidade.

Até aí nada de novo. O hino nacional foi reproduzido, pela banda da Polícia Militar, ocasião em que procurei observar discretamente, e através da leitura labial quantos populares conseguiam cantar de forma correta o hino, tarefa árdua, e em determinado momento, desisti... Poucos, pouquíssimos conseguiam!

Entre um e outro agradecimento pelo comparecimento das autoridade presentes, nosso anfitrião chamou algumas autoridades para discursarem, e digo sem medo de errar, que dos discursos feitos, apenas o Secretário de Cultura, (que é professor de português e blogueiro), falou algo que valesse a pena ser ouvido, ele disse em linhas gerais; “algo como resgatar nosso valores como brasileiros, deixando de lado a influência da lingua estrangeira, bem como os costumes estrangeiros, que influenciam a nossa lingua e cultura”,

-Tarefa difícil caro secretário!

Principalmente se levarmos em conta que a globalização, diz a todos exatamente o contrário, que somos na verdade todos membros de uma grande “aldeia global”. Mas concordo contigo, viva o Brasil!

Os demais secretários, ficaram jogando pétalas sobre a administração dizendo o quanto ela é boa, competente, eficaz e focada nas questões sociais. Que governo não é focado em “ações sociais” quando as eleições se aproximam?

Algumas crianças se apresentaram. Apresentações caprichadas, visual impecável, professoras se desdobrando para que as crianças dessem o melhor de sí na apresentação, e as crianças corresponderam, fizeram o que fazem de melhor... Foram expontâneas!

Das apresentações, a que mais me chamou a atenção foi de um grupo de alunos que utilizou-se de libras = Linguagem Brasileira de Sinais, para representar uma música, muito legal!

O presidente da câmara discursou, mas quem assiste a TV Câmara, sabe bem que não é o forte dele, em seguida veio o Sr. Prefeito, e como era seu aniversário, recebeu os parabéns  de todos, embalado ao som do parabéns à você. Observei que alguns secretários presentes, são na verdade, grandes fãs do prefeito, dado o entusiasmo como falam do mesmo, e das suas realizações.



E convenhamos, para quem não acompanha o dia-a-dia da política local, qualquer feito é um grande feito. Se estão fazendo tudo certo, ótimo, afinal foram eleitos para isso, isso é uma OBRIGAÇÃO.

Para um povo que não sabe votar, que por desinteresse não acompanha a política, e pior, que não reconhece a importância do voto, qualquer um que fale bem, e exaustivamente de alguém, ou de algo, acaba semeando na cabeça dos menos “avisados”, uma verdade quase inquestionável, fica tudo florido, lindo!

Se os  políticos eleitos, ou seus subordinados na administração são competentes na pasta que assumiram... Excelente, afinal são pagos para o serem, não podemos imaginar que alguém que se presta a ser um administrador PÚBLICO, o faça de forma desinteressada, pois se assim fosse, não seriam administradores, seriam monges.

E a simplicidade de um mosteiro, em nada lembra a vida de nababo que alguns políticos levam. Quem sabe essa indignação de alguns numa cidade do interior paulista, não possa criar um movimento para acordar aqueles que em berço esplêndido ficam aguardando dias melhores.

Terminada essa primeira parte do evento, saimos todos em Caminhada rumo á Avenida Gov. Mário Covas, onde se iniciaria o desfile.  

A pequena quantidade de pessoas, assistindo ao desfile em Araçatuba. em nada lembrou o desfile que aconteceu em São José do Rio Preto, onde manifestantes de forma ordeira, pacífica e totalmente democrática, disseram NÃO ao Prefeito e à alguns políticos, que querem inchar a máquina governamental com mais de 200 cargos, e por disso, durante o desfile, foram ovacionados por populares.

Mas isso lá! Essa talvez seja a diferença mais gritante entre um povo culto, e politizado e outro subserviente, se não houvesse essa diferença cultural, São José do Rio Preto não seria a potência que é!

Parabéns a eles! Cabe uma reflexão; Liberdade? Liberdade! Ao pensar.

Enquanto isso, a banda passa! Pátria amada Brasil!