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Ela ri do que??? |
Link:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ela-fala-pelo-brasil,1134754,0.htm-07/03/2014-19h58.
Até
mesmo o lusófono presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso,
deve ter tido sérias dificuldades para entender os dois discursos da presidente
Dilma Rousseff proferidos em Bruxelas a propósito da cúpula União Europeia
(UE)-Brasil. Não porque contivessem algum pensamento profundo ou recorressem a
termos técnicos, mas, sim, porque estavam repletos de frases inacabadas,
períodos incompreensíveis e ideias sem sentido.
Ao
falar de improviso para plateias qualificadas, compostas por dirigentes e
empresários europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez todo o seu
despreparo. Fosse ela uma funcionária de escalão inferior, teria levado um pito
de sua chefia por expor o País ao ridículo, mas o estrago seria pequeno; como
ela é a presidente, no entanto, o constrangimento é institucional, pois Dilma é
a representante de todos os brasileiros – e não apenas daqueles que a bajulam e
temem adverti-la sobre sua limitadíssima oratória.
Logo
na abertura do discurso na sede do Conselho da União Europeia, Dilma disse que
o Brasil tem interesse na pronta recuperação da economia europeia, “haja vista
a diversidade e a densidade dos laços comerciais e de investimentos que existem
entre os dois países” – reduzindo a UE à categoria de “país”.
Em
seguida, para defender a Zona Franca de Manaus, contestada pela UE, Dilma
caprichou: “A Zona Franca de Manaus, ela
está numa região, ela é o centro dela (da Floresta Amazônica) porque é a
capital da Amazônia (…). Portanto, ela tem um objetivo, ela evita o
desmatamento, que é altamente lucrativo – derrubar árvores plantadas pela
natureza é altamente lucrativo (…)”. Assim, graças a Dilma, os europeus
ficaram sabendo que Manaus é a capital da Amazônia, que a Zona Franca está lá
para impedir o desmatamento e que as árvores são “plantadas pela natureza”.
Dilma
continuou a falar da Amazônia e a cometer desatinos gramaticais e atentados à
lógica. “Eu quero destacar que, além de
ser a maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica, mas, além disso,
ali tem o maior volume de água doce do planeta, e também é uma região extremamente
atrativa do ponto de vista mineral. Por isso, preservá-la implica,
necessariamente, isso que o governo brasileiro gasta ali. O governo brasileiro
gasta um recurso bastante significativo ali, seja porque olhamos a importância
do que tiramos na Rio+20 de que era possível crescer, incluir, conservar e
proteger.” É possível imaginar, diante de tal amontoado de palavras
desconexas, a aflição dos profissionais responsáveis pela tradução simultânea.
Ao
falar da importância da relação do Brasil com a UE, Dilma disse que “nós vemos
como estratégica essa relação, até por isso fizemos a parceria estratégica”. Em
entrevista coletiva no mesmo evento, a presidente declarou que queria abordar
os impasses para um acordo do Mercosul com a UE “de uma forma mais filosófica”
– e, numa frase que faria Kant chorar, disse: “Eu tenho certeza que nós
começamos desde 2000 a buscar essa possibilidade de apresentarmos as propostas
e fazermos um acordo comercial”.
Depois,
em discurso a empresários, Dilma divagou, como se grande pensadora fosse,
misturando Monet e Montesquieu – isto é, alhos e bugalhos. “Os homens não são virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da
humanidade a virtude, porque ela não é virtuosa, mas alguns homens e algumas
mulheres são, e por isso que as instituições têm que ser virtuosas. Se os
homens e as mulheres são falhos, as instituições, nós temos que construí-las da
melhor maneira possível, transformando… aliás isso é de um outro europeu, Montesquieu.
É de um outro europeu muito importante, junto com Monet.”
Há
muito mais – tanto, que este espaço não comporta. Movida pela arrogância dos
que acreditam ter mais a ensinar do que a aprender, Dilma foi a Bruxelas
disposta a dar as lições de moral típicas de seu padrinho, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Acreditando ser uma estadista congênita, a presidente
julgou desnecessário preparar-se melhor para representar de fato os interesses
do Brasil e falou como se estivesse diante de estudantes primários – um vexame
para o País